sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Berlusconi visita o Brasil, em meio a divergências com a Itália sobre o futuro de Battisti

Às voltas com a decisão sobre o futuro do ex-ativista italiano Cesare Battisti, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai receber no próximo dia 9 o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi. Um dos empresários mais ricos do seu país, Berlusconi é alvo de polêmicas pessoais e políticas. Por seu estilo controvertido, Berlusconi foi vítima de dois ataques populares. No ano passado, um homem quebrou o nariz e dois dentes dele ao atirar uma escultura. Antes, em 2004, um outro homem atacou-o com um tripé no rosto.

No campo pessoal, Berlusconi se envolveu em controvérsias por suas supostas relações extraconjugais e no cenário político, como ocorreu recentemente, acusou a imigração como causa de aumento da criminalidade na Itália e criticou a ação norte-americana no Haiti. Depois, recuou e elogiou a intervenção do governo dos Estados Unidos no país caribenho devastado pelo terremoto de 12 de janeiro.

A chegada de Berlusconi coincide com a expectativa em torno da decisão do presidente Lula sobre a permanência do ex-militante no Brasil. Os governos do Brasil e da Itália discordam sobre o futuro de Battisti – para os italianos, ele deveria ser extraditado, enquanto autoridades brasileiras defendem que ele fique no Brasil.

Em novembro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) definiu que o presidente da República dará a palavra final sobre o pedido de extradição do ex-ativista para a Itália.

A decisão foi tomada pela maioria dos ministros da Corte. Mas o ministro Eros Grau, na sua interpretação, deixou uma brecha para que o processo venha a ser reaberto, se Lula mantiver o ex-ativista no Brasil e, por consequência, descumprir o tratado de extradição firmado entre brasileiros e italianos em 1989. O italiano aguarda a decisão do presidente da República cumprindo pena na Penitenciária da Papuda, em Brasília.

No ano passado, a decisão inicial do Ministério da Justiça do Brasil de conceder a Battisti refúgio político gerou reações do governo italiano e de familiares de vítimas. O italiano foi condenado, no seu país, à prisão perpétua por acusação de envolvimento em quatro assassinatos. Em 2007, ele foi preso no Brasil pela Polícia Federal.

O ministério das Relações Exteriores da Itália reagiu com uma nota na qual, além de condenar a decisão do ex-ministro da Justiça Tarso Genro, solicita diretamente que Lula reconsidere a decisão. (Agência Brasil)